BR.RJ.COC.OC.COR.PES.5.9

[papel de carta do Hotel Iturbide. México]

México, 29 – XI – 09.

Minha querida Miloca

Por este [?] recebi cartas de todos menos de ti! – O Pedrosa, na carta que me escreveu diz que não aceitaste bem minha ida ao México. Ter-te-ei amofinada comigo e levado tua zanga à crueldade de não me escrevestes. Tu não imaginas o que seja isto para quem está isolado, nas minhas condições. Não podia deixar de vir ao México: 1º porque era uma questão importante para nós brasileiros e eu não devia abandoná-la. 2º era uma ocasião que se me oferecia de ver os Estados Unidos e ficar algum tempo isolado do meio, que tanto me tem martirizado, até na Europa, e, 3º havia outras vantagens para nós, do que, a esta hora, já [?] ter conhecimento. Foi um [?] de mais 2 meses que nos trouxeram vantagens enormes. Não havia pois razão para me castigares como o fizeste, se é que, na realidade deixaste de me escrever por esse motivo. Não o creio, [?] antes que o fizeste por causa dos trabalhos da mudança. Disse-me o Pedrosa, que quando esteve em nossa casa estava tudo numa polvorosa. Espero que tenhas tido um  feliz puerpério e nossa querida filhinha, cujo nome ainda ignoro (será Zahra?) seja forte, sadia e… mansa, para teu sossego. Aqui tem feito bastante frio e ontem caiu [?] quase todo o dia. Estou miserável em roupa! Quase toda a rampa branca está sem botões e as meias estão todas furadas, de modo que ando com os dedos de fora, o que me incomoda atrozmente. Não sei coser e não vale a pena comprar aqui roupa porque tudo é caríssimo. Estou um verdadeiro mendigo… de cartola e sobrecasaca, visitando os ministros, etc.

Adeus, minha querida Miloca, não me queiras mal. Carinhos e saudades a nossos filhinhos. Saudades a todos os muitos beijos e saudades de teu triste e saudoso

Oswaldo

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