


Deixar de receber notícias da família, mesmo que por um par de dias, era um martírio para Oswaldo. À espera de cartas ou telegramas que tardavam a chegar, o cientista não hesitava em manifestar sua angústia a Miloca, sua mulher. “Este sofrimento moral por que vocês estão me fazendo passar aniquila-me por completo”, queixou-se em uma missiva redigida logo após sua chegada a Washington em 1907. Como forma de superar a distância, Oswaldo acompanhava em pormenores a rotina da família: as lições de inglês de Miloca, a mania do filho mais velho, Bento, por futebol e o interesse da filha Lizeta por arte e literatura. Nas cartas remetidas, um Oswaldo carinhoso expressava saudade e justificava sua frequente ausência. Na correspondência recebida, ouvia da família sobre a falta que sua presença lhes fazia. Além das cartas, uma série de fotografias testemunha a centralidade da família na vida do cientista. São registros do próprio Oswaldo, de Miloca e dos filhos Bento, Lizeta, Hercília, Oswaldinho e Walter. Esse conjunto inclui imagens de dois álbuns que documentam um período em que a família não trocou cartas, pois estava toda reunida em Paris. Entre essas fotos, estão cenas de um passeio de Lizeta e Bento, ainda crianças, ao zoológico.

Bento
Assim como seus dois irmãos, Bento cursou medicina, porém não exerceu a profissão.Oswaldinho
Médico patologista e microbiologista, foi Diretor do IOC e Presidente da Fiocruz.Lizeta
Filha mais velha do casal Oswaldo e Emília.Hercília
Filha do casal Oswaldo e Emília.Miloca
Casou-se com Oswaldo, seu namorado desde a adolescência, em janeiro de 1893. Emília desempenhou um papel fundamental no apoio à carreira de Oswaldo Cruz.Walter
Médico, pesquisador e chefe da Seção de Hematologia e da Divisão de Patologia do IOC.






Leitura de cartas de Oswaldo para sua família









Leia as cartas de Oswaldo e sua família
Família Oswaldo Cruz
Oswaldo Cruz com o filho Bento em 1897, em Paris
Em 1897, Oswaldo Cruz mudou-se com a família para Paris para estudar microbiologia no Instituto Pasteur, de onde retornou em 1898. Com a família toda reunida na capital francesa, não há registro de troca de cartas nesse período. Uma série de fotos, porém, retrata parte da rotina de Oswaldo Cruz, dos filhos e da mulher na França.
Bento Oswaldo Cruz, o Bentinho
Foi o segundo filho do casal Miloca e Oswaldo. Herdou do avô, Bento Gonçalves Cruz, o nome. Ao dar este nome ao filho, o cientista esperava que ele seguisse a carreira do avô e a sua própria, como médico. Embora tenha se formado em Medicina, Bentinho pouco exerceu esta profissão.
Elisa (Lizeta), filha mais velha de Oswaldo Cruz, com o marido
Lizeta e seu marido, o médico Joaquim Vidal, a quem chama nas cartas de Nonô, no interior da casa dos pais, na Praia de Botafogo. Esta casa foi projetada pelo arquiteto Luiz de Moraes Junior, o mesmo que projetou o Pavilhão Mourisco, popularmente conhecido como Castelo da Fiocruz.
Oswaldo Cruz em 1910
Em junho daquele ano, Oswaldo foi chamado pelo governador do Pará a combater a febre amarela no estado. De lá, escreve aos filhos: “Lizeta peço-te que continues a organizar o catálogo de meus livros e se dispuseres de tempo e com o auxílio de Oswaldinho, da Hercília e do Bentinho [...] colem os 'ex-libris' e numerem”.
Lizeta (Elisa), filha mais velha de Oswaldo e Miloca
Em Londres com a mãe e os irmãos, Lizeta relatava em cartas ao pai o seu dia a dia na cidade, sob a ameaça de um ataque alemão às vésperas da eclosão da Primeira Guerra. “Quando cheguei à janela, vi o balcão branco de neve. Vesti-me depressa e fui para o Hyde Park com Nonô. Estava lindo! [...] Parecia um grande lençol alvo [...].”
Liseta e Miloca em frente à placa da Rue Oswaldo Cruz
A filha mais velha e a viúva de Oswaldo Cruz posam para uma foto na rua batizada com o nome do cientista, em Paris. Aberta em 1928, a via está localizada no 16e. arrondissement, em Paris, a cerca de três quilômetros da Rue Marbeuf, onde Oswaldo morou com Miloca, sua esposa, e os filhos Bentinho, Lizeta e Hercília, que nasceu na capital francesa.
Elisa (Lizeta), filha mais velha de Oswaldo Cruz, com o marido
Lizeta e seu marido, o médico Joaquim Vidal, a quem chama nas cartas de Nonô, no interior da casa dos pais, na Praia de Botafogo. Esta casa foi projetada pelo arquiteto Luiz de Moraes Junior, o mesmo que projetou o Pavilhão Mourisco, popularmente conhecido como Castelo da Fiocruz.
Miloca, mulher de Oswaldo, com a filha Lizeta
Em carta às filhas após a morte de Oswaldo, Miloca relata a falta que sente do marido. “A saudade triste e cruciante é a que não se pode dar volta e entretanto já me vou acostumando a ideia que depois de morta me encontrarei com Oswaldo, tenho quase certeza disso, e quanto mais tempo se passa, mais firme e convicta se torna essa ideia. Tenho sempre sonhado com ele me falando da mesma maneira de dantes, as mesmas palavras, o mesmo fraseado, a mesma entonação até!”
Oswaldo Cruz em seu apartamento em Paris
Entre 1897 e 1898, Oswaldo Cruz morou com a família em Paris, onde se especializou em microbiologia no Instituto Pasteur. Na ocasião, fez também uma especialização clínica em urologia, além de estagiar no Laboratório de Toxicologia de Paris, onde estudou medicina legal.