Mas bem antes disso, quando o cientista e sua futura esposa ainda namoravam e ela passava uma temporada em Caxambu, as cartas já mostram um Oswaldo romântico, muitas vezes exagerado, sôfrego, impulsivo, incapaz de esconder seu amor ao amor de toda a sua vida.
O sanitarista, que morreria poucos anos depois do nascimento de Vinicius de Moraes, fez da “fé eterna na ciência” sua aliada no combate a diversas doenças, mas haveria de concordar com o Poetinha: “nada melhor para a saúde que um amor correspondido”.


Contemporâneo de Oswaldo Cruz, o escritor francês Marcel Proust acreditava que, para quem ama, a ausência é “a mais intensa, a mais indestrutível, a mais fiel das presenças”. De fato, a ausência de sua “querida Miloquinha” é onipresente na batalha epistolar que Oswaldo Cruz travou contra a distância imposta ao casal pelas viagens que seu trabalho demandava e que chegavam a durar vários meses. Mas bem antes disso, quando o cientista e sua futura esposa ainda namoravam e ela passava uma temporada em Caxambu, as cartas já mostram um Oswaldo romântico, muitas vezes exagerado, sôfrego, impulsivo, incapaz de esconder seu amor ao amor de toda a sua vida.Hoje, com mensagens instantâneas e redes sociais, pode ser difícil imaginar ter de esperar semanas por uma carta. Essa urgência pela resposta da pessoa amada fica evidente neste módulo sobre a troca de cartas repleta de paixão e amor entre Oswaldo e Miloca. O sanitarista, que morreria poucos anos depois do nascimento de Vinicius de Moraes, fez da “fé eterna na ciência” sua aliada no combate a diversas doenças, mas haveria de concordar com o Poetinha: “nada melhor para a saúde que um amor correspondido”.
A Miloca ou Emília da Fonseca Cruz
Emilia da Fonseca Cruz (Miloca), mulher de Oswaldo
Nas cartas a Oswaldo, Miloca, com frequência relata a rotina dos filhos, como a “mania do foot ball” do Bentinho e os êxitos de Lizeta nas aulas de alemão. A correspondência da família também registra a falta que o Marido faz a Miloca. “Mamãe sem ti é outra. Não é mais alegre como de costume", diz Lizeta em carta enviada de Londres ao pai.
Miloca, mulher de Oswaldo Cruz, em Londres
Provavelmente trata-se do retrato que Oswaldo disse ter sobre sua mesa, no Rio de Janeiro, enquanto escrevia à mulher, que estava em Londres. Com a eclosão dos conflitos que mais tarde ficaram conhecidos como Primeira Guerra, Oswaldo preferiu fazer sozinho a arriscada travessia do Atlântico rumo ao Brasil, deixando a família na capital inglesa na expectativa de que o cenário melhorasse.
Oswaldo Cruz e Miloca em Londres
O cientista e a mulher tiraram esta foto para servir de modelo para a artista plástica Angelina Agostini executar um retrato do casal na capital britânica em 1914. “Estou posando para a Angelina Agostini. Para cumprir o prometido, tiramos, tua mãe e eu, o retrato em cartão postal”, diz Oswaldo em carta enviada ao filho Bentinho, em Liverpool.
Emilia da Fonseca Cruz (Miloca), mulher de Oswaldo
O retrato está acompanhado de um poema de amor em alemão. A facilidade de Miloca com idiomas é observado por Lizeta, sua filha, em carta a Oswaldo: “Mamãe [...] está assombrosa no inglês”. Em outra carta, diz: “Domingo fomos à casa da professora. Fiquei admirada do desembaraço de mamãe [ao] falar inglês. Acho, sem exagero, que já fala tão bem quanto o francês”.